Deixa-te ficar só mais um bocadinho, para saberes como te amo!

Gostava de recomeçar desta pausa com notícias boas...mas infelizmente a vida às vezes dá-nos encontrões. Sou por natureza uma pessoa que aceita com serenidade as coisas que a vida nos dá, e nos tira.  O meu coração ficou partido em mil pedacinhos, em que por mais que os tente juntar, há um que vai faltar para sempre e no seu lugar ficará um vazio...

Vou começar por responder a uma questão que irão certamente colocar.   Eu própria pensei muito antes de publicar este post. Porquê falar sobre este tema, se é tão pessoal, tão intimo, tão triste e tão recente? 

A resposta é uma só, ajudou-me ler testemunhos e partilhas de milhares de mães que viveram a dolorosa experiência de perder um bebé. Quero partilhar também. Sei que, infelizmente, há alguém que me vai ler e se vai sentir menos sozinha, mais compreendida e aceitar a decisão natureza com mais naturalidade. 

Íamos ser quatro...apesar dos medos de passar uma gravidez sozinha com o pequeno de 2 anos e o marido fora, a certeza que tudo correria bem estava instalada.  As roupas de pré-mamã já tinham saído do armário, as calças que orgulhosamente já tinham deixado de apertar estavam arrumadas! Sim, o orgulho que sentimos em ser mães, enche-nos! 

Já tínhamos ouvido o bater do coração ás 6 semanas, aquele som mágico, que rapidamente nos transportou para as primeiras férias em família a 4, a gestão de dois borrachos e as aventuras e peripécias típicas da maternidade. Estávamos verdadeiramente felizes, de coração cheio!

E em breves segundos tudo mudou. Na eco das 12 semanas foi tudo tão rápido. Olhei para o ecrã e vi um vazio, senti o vazio que há segundos atrás estava cheio de amor, de certezas, de planos, de vida...a ausência daquele bater do coração tão pequenino que nos enche nestes dias em que vamos ver o nosso bebé...mas não havia bater...o coração do bebé parou e o meu também... O meu mundo começou a girar à procura de voltar ao antes, mas não há antes, há um vazio, um desgosto, uma desilusão, incertezas e a certeza que estamos incompletas! 

A vida parece que fica interrompida, que ficamos num hiato de tempo, entre estar grávida e não estar. O corpo anda para trás e a cabeça não acompanha. A vida na prática não muda, quando na nossa cabeça tudo mudou. Um sentimento de que algo sem sentido está a acontecer com o nosso corpo. O bebé está lá, mas já não existe. Porque não houve um único sinal que nos preocupasse, o choque é seguido de um silêncio, uma apatia...que explode em lágrimas quando temos de dizer em voz alta "o coração do meu bebé parou"! 

A despedida é o pior, é o que dói mais...Fisicamente já não dói, mas dentro da nossa cabeça é arrasador! 

Encaro o que aconteceu como uma etapa. Acredito, apesar de com algum medo, que para a próxima correrá tudo bem...preferia não ter passado por esta prova mas assumo-a como parte de ser mulher...e acima de tudo mãe! 

Agora, toca a andar para a frente e começar a pensar na ceia de Natal dos nossos Littles. Chama-se a isto viver!







Comentários

  1. Olá Rita,
    Não a conheço, e vim aqui parar porque vi um post seu no fb das mães. Acabei por ler este texto e de ficar com os olhos cheios de lágrimas. Sinto muito pela sua, vossa, perda. Eu só tenho uma filha, e felizmente tudo correu bem, mas conheço algumas histórias como a sua. E tenho um exemplo muito próximo: a minha Mãe perdeu o primeiro bebé aos 4 meses e meio de gravidez. Era muito nova, os meus pais teriam uns 25/26 anos, e imagino a dor e o susto por que passaram. Mas depois, logo a seguir, a minha Mãe ficou grávida. Nasceu a minha irmã, depois eu e ainda veio o meu irmão. Por isso, quando conheço uma destas histórias tristes, só tenho um pensamento: para a próxima, vai correr tudo bem. Um grande beijinho e força.
    Joana Haderer

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  2. Olá Joana,
    Obrigada por tudo o que disse e vamos ter pensamento positivo...vai certamente correr bem.Eu também nao a conheço, mas já vi que temos uma grande amiga em comum ;)

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